Em
15 de agosto de 1939, dia de nossa Senhora da Assunção, foi lançada a pedra
fundamental da catedral metropolitana de Fortaleza. Entre os fiéis já corria há
algum tempo a campanha pró-catedral, uma série de promoções em vistas ao
levantamento de fundos para a construção da nova catedral. Iniciava-se um longo
período de construção, o que se esperava erigir em quatro anos levou mais de
três décadas para ser concluído.
“A
nova catedral deve ser obra dos cearenses” conclamou Dom Manoel, então bispo
arquidiocesano, motivando todos a empenharem-se na construção da nova Sé que
ainda segundo ele deveria ser a “mais digna da fé cristã e do Ceará.” Dentre as
muitas empresas concorrentes para assumir a obra venceu a que tinha à frente o
engenheiro Francês, que viera para o Brasil, George Le Mounier.
Logo
no primeiro ano da construção sobreveio a segunda Guerra Mundial que
enfraqueceu a campanha de captação de recursos associada às secas nordestinas e
a inflação que consumia vorazmente os recursos adquiridos a muito custo, tornou
lento o soerguimento da Catedral.
No
ano de 1941 Fortaleza conta com novo bispo, trata-se de Dom Antonio de Almeida
Lustosa, fundador da Congregação das Josefinas. Empenhou-se na construção da
Igreja-mãe e em carta aos fiéis afirmou que a nova catedral “há de ser, o
cenáculo iluminado pelas chamas do Espírito Santo e pela Eucaristia”.
Quinze
anos após os inícios dos trabalhos o sacerdote responsável pela construção
levou um grupo de peregrinos à França donde assistiu a uma ordenação
presbiteral na cripta da Catedral de Lisieux. Quando partilhou com Dom Lustosa
sobre a impressão daquele ato que assistira, o bispo resolveu construir uma
cripta na Catedral que não constava no projeto inicial de Le Mounier. Com a
ajuda dos técnicos decidiram que a cripta seria construída na parte subterrânea
do templo mediante escavações.
Nos
inícios da década de sessenta já se falava em Fortaleza de uma juventude
transviada, baseada no liberalismo e rompimento com a mentalidade tradicional.
Dom Lustosa atento ao seu tempo e preocupado com a juventude dedicou os altares
da cripta a santos jovens, sendo os da direita aos jovens santos rapazes
Tarcísio, Domingos Sávio e Pancrácio e os da esquerda às santas Luzia, Inês e
Maria Goreti. Coroando a homenagem aos jovens do Ceará, no altar principal,
colocou a imagem de Jesus adolescente.
Em 1963 com a saída de Dom Antonio Lustosa assumiu
a cátedra episcopal Dom José de Medeiros Delgado que, um ano depois de sua
posse, fez a primeira concelebração eucarística na catedral em construção. Foi
um período em que a catedral tomou novo fôlego nas obras.
O tamanho do projeto e as linhas arquitetônicas
faziam a imagem da catedral enfileirar-se entre as grandes Igrejas. Registra-se
da época a carta do engenheiro pioneiro da obra Le Mounier, já octogenário e
residindo na França que “assistindo descuidadamente, um programa de TV sobre as
grandes catedrais do mundo, viu desfilar entre as de São Pedro, em Roma, de
Notre Dame, de Paris, a de Westmunter, da Inglaterra e a de Colônia, na
Alemanha, o perfil da catedral de Fortaleza, ainda em construção.”
O altar do novo templo, uma peça de cinco metros de
largura por um e quarenta de altura e pesando catorze toneladas foi doado por Ellio Guggoni, amigo italiano de Dom Delgado. O
altar foi dedicado em 1970 e quatro anos depois foi terminada a primeira torre.
Detalhe da coluna direita do altar da Catedral
O tempo passava e já se entrava para o trigésimo
quarto ano das obras. O quarto bispo que leva em frente os trabalhos da
construção e conclusão foi Dom Aloísio Lorscheider, então presidente da CNBB,
que tomou posse em 1973. Dom Aloísio inaugurou oficialmente a primeira torre
fazendo bimbalhar os sinos que há mais de um triênio silenciavam.
Em 1976 Dom Aloísio foi feito cardeal pelo papa
Paulo VI, encontrava-se em Roma. Ao chegar a Fortaleza foi grande a festa
oferecida ao novo cardeal contando “inclusive com um contingente militar
perfilado em sua honra”. Com a Palavra, cardeal Lorscheider incentivou todos a
continuar ajudando para que se concluísse o quanto antes a Igreja, pois como
disse bem humorado “vocês têm um cardeal, mas não têm uma catedral.’
Ainda em plena construção Dom Aloísio sugeriu fazer
uma ligação subterrânea que unisse a cripta até o porão existente no final da
escadaria da porta frontal, por onde se sobe até os sinos. Esta passagem
permitiria aos padres, durante as celebrações festivas não passar por dentro da
catedral.
Diversos setores da sociedade foram mobilizados
para no dia 25 de dezembro de 1978 tivesse concluída a Catedral. Dom Aloísio já
tinha em vista o término da obra por conta do congresso eucarístico que
aconteceria em 1980 e contaria com a presença do papa João Paulo II. Deste modo
a catedral seria uma homenagem do Ceará a Jesus eucarístico.
Dia 22 de Dezembro de 1978, 39 anos após o início
da construção foi inaugurada oficialmente a Catedral metropolitana de
Fortaleza, com altura equivalente a um prédio de 12 andares, com capacidade
para cinco mil pessoas e em tamanho sendo a terceira maior catedral do Brasil.
Durante
a inauguração da primeira torre Dom Aloísio falou ao numeroso povo de Deus reunido:
“Verdade é que nossa função não é construir igrejas, mas construir a Igreja.
Fazer com que todos os cristãos participem responsavelmente da tarefa salvadora
de cristo Jesus. Mas, nem por isso se exclui, observando a tradição cristã, que
nos abstenhamos de construir igrejas que demonstrem, em obras, o nosso amor
para com o Pai celeste.
As
linhas arquitetônicas da catedral de fortaleza pertencem ao estilo neo-gótico,
o mesmo de catedrais como de Colônia na Alemanha. Possuem uma carga de
significados profundos nos quais aponta aos fiéis para as realidades celestes.
Ao
longe, a catedral destaca-se das demais construções, mostra-se imponente. Suas
torres pontiagudas apontam para o céu como mãos que elevam um louvor ao pai.
Magnânima parece flutuar, entanto, ao se aproximar contempla-se uma edificação
sólida e firmada sobre a rocha, assim como é a Igreja de Cristo.
Em
sua estrutura estão contemplados os três níveis da Igreja. A cripta remete à
Igreja padecente, ou do purgatório; a Igreja militante encontra seu espaço na
nave, local no qual se dá as celebrações do mistério pascal de Cristo; já a
Igreja triunfante é lembrada nos vitrais que traz a imagem dos santos e do
mistério de Cristo que reina soberano.
O
jogo das luzes que adentram a catedral dissipando as trevas lembra ao homem do
combate que é travado entre luzes e trevas, entre o homem novo e homem velho. É
um prédio que por seu estilo revela imponência ao observar-se de longe e
simplicidade ao ser contemplado por dentro.
A
Catedral de Fortaleza ao lado do presbitério possui a capela do Santíssimo
sacramento e nas laterais um espaço dedicado à são José, patrono do Ceará e a
Nossa Senhora da Assunção, padroeira de Fortaleza.
Os
vitrais que embelezam a catedral, de origem Suíça, foram desenhados por Dom Antonio
Lustosa . Devido ao longo período guardados enquanto era erigido o templo
tiveram que ser restaurados o que custou uma despesa maior do que a realizada
para aquisição dos mesmos.
Ao
todo são 115 peças formando um conjunto harmonioso cravados nas sólidas e
altaneiras paredes da Sé que transluzem os raios do sol iluminando o interior
da Igreja Mãe lembrando de Cristo, o Sol que ilumina sua esposa, a Igreja.
Os
vitrais estão agrupados em lances que apontam para a Igreja gloriosa e contam
silenciosamente a história da salvação desde o gênesis até a consumação dos
tempos, donde Cristo virá triunfante e glorioso. Podemos encontrar os grupos
dos profetas, dos juízes, das mulheres da Bíblia, além dos apóstolos, mártires,
doutores e outros grandes santos da Igreja e ainda cenas dos evangelhos que
revelam o mistério de Cristo.
As
reformas da catedral
Um
prédio de proporções grandiosas como a catedral de Fortaleza necessita
estar constantemente em manutenção. Por volta de 2004 aIgreja Mãe
teve seu projeto de som renovado, isto para melhorar a acústica no interior do
templo e inibir a reverberação. Profissionais da UNICAMP foram os responsáveis
pelo projeto.
A
maior reforma pela qual passou a catedral iniciou-se no final de 2006 e durante
estes meses a imponente Sé teve todo seu emadeiramento do telhado trocado. O
presbitério adquiriu novas peças como uma cruz feito sob encomenda por artista
plástico italiano.
Esteve
à frente do ousado plano de reforma o seu pároco Clairton Alexandrino, que
relembrando os tempos de construção da Catedral não se cansou em estar à frente
de diversas campanhas com intuito de angariar recursos para embelezar ainda
mais o interior da Igreja Mãe das igrejas do Ceará.
Fonte:Arquidiocese de Fortaleza
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