domingo, 3 de fevereiro de 2013

Especial Catedral de Fortaleza


Em 15 de agosto de 1939, dia de nossa Senhora da Assunção, foi lançada a pedra fundamental da catedral metropolitana de Fortaleza. Entre os fiéis já corria há algum tempo a campanha pró-catedral, uma série de promoções em vistas ao levantamento de fundos para a construção da nova catedral. Iniciava-se um longo período de construção, o que se esperava erigir em quatro anos levou mais de três décadas para ser concluído.

“A nova catedral deve ser obra dos cearenses” conclamou Dom Manoel, então bispo arquidiocesano, motivando todos a empenharem-se na construção da nova Sé que ainda segundo ele deveria ser a “mais digna da fé cristã e do Ceará.” Dentre as muitas empresas concorrentes para assumir a obra venceu a que tinha à frente o engenheiro Francês, que viera para o Brasil, George Le Mounier.

Logo no primeiro ano da construção sobreveio a segunda Guerra Mundial que enfraqueceu a campanha de captação de recursos associada às secas nordestinas e a inflação que consumia vorazmente os recursos adquiridos a muito custo, tornou lento o soerguimento da Catedral.

No ano de 1941 Fortaleza conta com novo bispo, trata-se de Dom Antonio de Almeida Lustosa, fundador da Congregação das Josefinas. Empenhou-se na construção da Igreja-mãe e em carta aos fiéis afirmou que a nova catedral “há de ser, o cenáculo iluminado pelas chamas do Espírito Santo e pela Eucaristia”.

Quinze anos após os inícios dos trabalhos o sacerdote responsável pela construção levou um grupo de peregrinos à França donde assistiu a uma ordenação presbiteral na cripta da Catedral de Lisieux. Quando partilhou com Dom Lustosa sobre a impressão daquele ato que assistira, o bispo resolveu construir uma cripta na Catedral que não constava no projeto inicial de Le Mounier. Com a ajuda dos técnicos decidiram que a cripta seria construída na parte subterrânea do templo mediante escavações.


Nos inícios da década de sessenta já se falava em Fortaleza de uma juventude transviada, baseada no liberalismo e rompimento com a mentalidade tradicional. Dom Lustosa atento ao seu tempo e preocupado com a juventude dedicou os altares da cripta a santos jovens, sendo os da direita aos jovens santos rapazes Tarcísio, Domingos Sávio e Pancrácio e os da esquerda às santas Luzia, Inês e Maria Goreti. Coroando a homenagem aos jovens do Ceará, no altar principal, colocou a imagem de Jesus adolescente.

Em 1963 com a saída de Dom Antonio Lustosa assumiu a cátedra episcopal Dom José de Medeiros Delgado que, um ano depois de sua posse, fez a primeira concelebração eucarística na catedral em construção. Foi um período em que a catedral tomou novo fôlego nas obras.

O tamanho do projeto e as linhas arquitetônicas faziam a imagem da catedral enfileirar-se entre as grandes Igrejas. Registra-se da época a carta do engenheiro pioneiro da obra Le Mounier, já octogenário e residindo na França que “assistindo descuidadamente, um programa de TV sobre as grandes catedrais do mundo, viu desfilar entre as de São Pedro, em Roma, de Notre Dame, de Paris, a de Westmunter, da Inglaterra e a de Colônia, na Alemanha, o perfil da catedral de Fortaleza, ainda em construção.”


O altar do novo templo, uma peça de cinco metros de largura por um e quarenta de altura e pesando catorze toneladas foi doado por Ellio Guggoni, amigo italiano de Dom Delgado. O altar foi dedicado em 1970 e quatro anos depois foi terminada a primeira torre.

Detalhe da coluna direita do altar da Catedral

O tempo passava e já se entrava para o trigésimo quarto ano das obras. O quarto bispo que leva em frente os trabalhos da construção e conclusão foi Dom Aloísio Lorscheider, então presidente da CNBB, que tomou posse em 1973. Dom Aloísio inaugurou oficialmente a primeira torre fazendo bimbalhar os sinos que há mais de um triênio silenciavam.

Em 1976 Dom Aloísio foi feito cardeal pelo papa Paulo VI, encontrava-se em Roma. Ao chegar a Fortaleza foi grande a festa oferecida ao novo cardeal contando “inclusive com um contingente militar perfilado em sua honra”. Com a Palavra, cardeal Lorscheider incentivou todos a continuar ajudando para que se concluísse o quanto antes a Igreja, pois como disse bem humorado “vocês têm um cardeal, mas não têm uma catedral.’

Ainda em plena construção Dom Aloísio sugeriu fazer uma ligação subterrânea que unisse a cripta até o porão existente no final da escadaria da porta frontal, por onde se sobe até os sinos. Esta passagem permitiria aos padres, durante as celebrações festivas não passar por dentro da catedral.

Diversos setores da sociedade foram mobilizados para no dia 25 de dezembro de 1978 tivesse concluída a Catedral. Dom Aloísio já tinha em vista o término da obra por conta do congresso eucarístico que aconteceria em 1980 e contaria com a presença do papa João Paulo II. Deste modo a catedral seria uma homenagem do Ceará a Jesus eucarístico.
Dia 22 de Dezembro de 1978, 39 anos após o início da construção foi inaugurada oficialmente a Catedral metropolitana de Fortaleza, com altura equivalente a um prédio de 12 andares, com capacidade para cinco mil pessoas e em tamanho sendo a terceira maior catedral do Brasil.

Durante a inauguração da primeira torre Dom Aloísio falou ao numeroso povo de Deus reunido: “Verdade é que nossa função não é construir igrejas, mas construir a Igreja. Fazer com que todos os cristãos participem responsavelmente da tarefa salvadora de cristo Jesus. Mas, nem por isso se exclui, observando a tradição cristã, que nos abstenhamos de construir igrejas que demonstrem, em obras, o nosso amor para com  o Pai celeste.
As linhas arquitetônicas da catedral de fortaleza pertencem ao estilo neo-gótico, o mesmo de catedrais como de Colônia na Alemanha. Possuem uma carga de significados profundos nos quais aponta aos fiéis para as realidades celestes.

Ao longe, a catedral destaca-se das demais construções, mostra-se imponente. Suas torres pontiagudas apontam para o céu como mãos que elevam um louvor ao pai. Magnânima parece flutuar, entanto, ao se aproximar contempla-se uma edificação sólida e firmada sobre a rocha, assim como é a Igreja de Cristo.

Em sua estrutura estão contemplados os três níveis da Igreja. A cripta remete à Igreja padecente, ou do purgatório; a Igreja militante encontra seu espaço na nave, local no qual se dá as celebrações do mistério pascal de Cristo; já a Igreja triunfante é lembrada nos vitrais que traz a imagem dos santos e do mistério de Cristo que reina soberano.

O jogo das luzes que adentram a catedral dissipando as trevas lembra ao homem do combate que é travado entre luzes e trevas, entre o homem novo e homem velho. É um prédio que por seu estilo revela imponência ao observar-se de longe e simplicidade ao ser contemplado por dentro.

A Catedral de Fortaleza ao lado do presbitério possui a capela do Santíssimo sacramento e nas laterais um espaço dedicado à são José, patrono do Ceará e a Nossa Senhora da Assunção, padroeira de Fortaleza.

Os vitrais que embelezam a catedral, de origem Suíça, foram desenhados por Dom Antonio Lustosa . Devido ao longo período guardados enquanto era erigido o templo tiveram que ser restaurados o que custou uma despesa maior do que a realizada para aquisição dos mesmos.

Ao todo são 115 peças formando um conjunto harmonioso cravados nas sólidas e altaneiras paredes da Sé que transluzem os raios do sol iluminando o interior da Igreja Mãe lembrando de Cristo, o Sol que ilumina sua esposa, a Igreja.

Os vitrais estão agrupados em lances que apontam para a Igreja gloriosa e contam silenciosamente a história da salvação desde o gênesis até a consumação dos tempos, donde Cristo virá triunfante e glorioso. Podemos encontrar os grupos dos profetas, dos juízes, das mulheres da Bíblia, além dos apóstolos, mártires, doutores e outros grandes santos da Igreja e ainda cenas dos evangelhos que revelam o mistério de Cristo.

 As reformas da catedral

Um prédio de proporções grandiosas como a catedral de Fortaleza necessita estar constantemente em manutenção. Por volta de 2004 aIgreja Mãe teve seu projeto de som renovado, isto para melhorar a acústica no interior do templo e inibir a reverberação. Profissionais da UNICAMP foram os responsáveis pelo projeto.

A maior reforma pela qual passou a catedral iniciou-se no final de 2006 e durante estes meses a imponente Sé teve todo seu emadeiramento do telhado trocado. O presbitério adquiriu novas peças como uma cruz feito sob encomenda por artista plástico italiano.

Esteve à frente do ousado plano de reforma o seu pároco Clairton Alexandrino, que relembrando os tempos de construção da Catedral não se cansou em estar à frente de diversas campanhas com intuito de angariar recursos para embelezar ainda mais o interior da Igreja Mãe das igrejas do Ceará.

Fonte:Arquidiocese de Fortaleza

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